domingo, 22 de fevereiro de 2009

REFLETINDO

DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM": UMA ROSA COM OUTRO NOME
Imagine por um instante que você está visitando um viveiro de plantas. Você percebe uma agitação lá fora e vai investigar. Você encontra um jovem assistente lutando contra uma roseira. Ele está tentado forçar as pétalas da rosa a se abrirem, e resmunga insatisfeito. Você lhe pergunta o quê está fazendo e ele explica: "meu chefe quer que todas essas rosas floresçam essa semana, então na semana passada eu cortei todas as precoces e hoje estou abrindo as atrasadas". Você protesta dizendo que cada rosa floresce a seu tempo, é absurdo tentar retardar ou apressar isso. Não importa quando a rosa vai desabrochar - uma rosa sempre desabrocha no momento mais oportuno para ela. Você olha novamente a rosa e percebe que ela está murchando, mas quando você o alerta, ele responde: "Ah, isso é mau, ela tem disdesabrochamento congênito. Vamos ter que chamar um especialista". Você diz: "Não, não! Foi você quem fez a rosa murchar! Você só precisaria satisfazer as exigências de água e luz da planta e deixar o resto por conta da natureza!" Você mal consegue acreditar no que está acontecendo. Por quê o chefe dele é tão mal informado e tem expectativas tão irreais em relação às rosas? Essa cena nunca teria se passado em um viveiro, é claro, mas acontece todo o dia em nossas escolas. Professores pressionados por um sistema seguem calendários oficiais que exigem que todas as crianças aprendam no mesmo ritmo e do mesmo jeito. No entanto, as crianças não diferem das rosas em seu desenvolvimento: elas nascem com a capacidade e o desejo de aprender, e aprendem em ritmos diferentes e de modos diferentes. Se formos capazes de satisfazer suas necessidades, proporcionar um ambiente seguro e propício e evitar nos intrometer com dúvidas e ansiedades, aí então - como as rosas - as crianças irão desabrochar cada uma há seu tempo.
Por Jan Hunt, Psicóloga Diretora do "The Natural Child Project”.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Termos usados na Psicopedagogia

O conhecimento de alguns termos é de fundamental importância para profissionais da área de educação e saúde mental. Pensando nisso selecionamos abaixo alguns termos para que possam servir de consulta. Não é nossa intenção explanar sobre cada um deles, mas apresentar apenas um breve significado. Cabe ao profissional buscar outras fontes para se aprofundar sobre causas, sintomas e tratamentos.
· Aprendizagem - É o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maturo, que se expressa diante de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência.
· Agnosia - Etimologicamente, a falta de conhecimento. Impossibilidade de obter informações através dos canais de recepção dos sentidos embora o órgão do sentido não esteja afetado. Ex. a agnosia auditiva é a incapacidade de reconhecer ou interpretar um som mesmo quando é ouvido. No campo médico está associada com uma deficiência neurológica do sistema nervoso.
· Afasia - Perda da capacidade de usar ou compreender a linguagem oral. Está usualmente associada com o traumatismo ou anormalidade do sistema nervoso central. Utilizam-se várias classificações tais como afasia expressiva e receptiva, congênita e adquirida.
· Agrafia - Impossibilidade de escrever e reproduzir os seus pensamentos por escrito.
· Alexia - Perda da capacidade de leitura de letras manuscritas ou impressas.
· Anamnese - Levantamento dos antecedentes de uma doença ou de um paciente, incluindo seu passado desde o parto, nascimento, primeira infância, bem como seus antecedentes hereditários.
· Anomia - Impossibilidade de designar ou lembrar-se de palavras ou nome dos objetos.
· Anorexia - Perda ou diminuição do apetite.
· Anoxia - Diminuição da quantidade de oxigênio existente no sangue.
· Apnéia - Paragem voluntária dos movimentos respiratórios: retenção da respiração.
· Apraxia - Impossibilidade de resposta motora na realização de movimento com uma finalidade. A pessoa não realiza os movimentos apesar de conhecê-lo e não ter qualquer paralisia.
· Ataxia - Dificuldade de equilíbrio e de coordenação dos movimentos voluntários.
· Autismo - Distúrbio emocional da criança caracterizada por incomunicabilidade. A criança fecha-se sobre si mesma e desliga-se do real impedindo de relacionar-se normalmente com as pessoas. Num diagnóstico incorreto pode ser confundido com retardo mental, surdo-mudez, afasia e outras síndromes.
· Bulimia - Fome exagerada de causa psicológica.
· Catarse - Efeito provocado pela conscientização de uma lembrança fortemente emocional ou traumatizante até então reprimida.
· Catatonia - Síndrome complexa em que o indivíduo se mantém numa dada posição ou continua sempre o mesmo gesto sem parar. Persistência de atitudes corporais sem sinais de fadiga.
· Cinestesia - Impressão geral resultante de um conjunto de sensações internas caracterizado essencialmente por bem-estar ou mal-estar.
· Complemento (Closure) - Capacidade de reconhecer o aspecto global, especialmente quando uma ou mais partes do todo está ausente ou quando a continuidade é interrompida por intervalos.
· Consciência fonológica - Denomina-se consciência fonológica a habilidade metalinguística de tomada de consciência das características formais da linguagem. Esta habilidade compreende dois níveis:1. A consciência de que a língua falada pode ser segmentada em unidades distintas, ou seja, a frase pode ser segmentada em palavras; as palavras, em sílabas e as sílabas, em fonemas.2. A consciência de que essas mesmas unidades repetem-se em diferentes palavras faladas (rima, por exemplo).
· Coordenação viso-motora - É a integração entre os movimentos do corpo (globais e específicos) e a visão.
· Disartria - Dificuldade na articulação de palavras devido a disfunções cerebrais.
· Discalculia - Dificuldade para a realização de operações matemáticas usualmente ligadas a uma disfunção neurológica, lesão cerebral, deficiência de estruturação espaço-temporal.
· Disgrafia - Escrita manual extremamente pobre ou dificuldade de realização dos movimentos motores necessários à escrita. Esta disfunção está muitas vezes ligada a disfunções neurológicas.
· Dislalia - É a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de sons na palavra falada.
· Dislexia - Dificuldade na aprendizagem da leitura, devido a uma imaturidade nos processos auditivos, visuais e tatilcinestésicos responsáveis pela apropriação da linguagem escrita.
· Disortografia - Dificuldade na expressão da linguagem escrita, revelada por fraseologia incorretamente construída, normalmente associada a atrasos na compreensão e na expressão da linguagem escrita.
· Disgnosia - Perturbação cerebral comportando uma má percepção visual.
· Dismetria - Realização de movimentos de forma inadequada e pouco econômica.
· Dispnéia - Dificuldade de respirar.
· DSM IV - É a classificação dos Transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria. Descreve as características dos transtornos apresentando critérios diagnósticos. Ver o DSM IV no site psiqueweb: http://gballone.sites.uol.com.br/
· Ecolalia - Imitação de palavras ou frases ditas por outra pessoa, sem a compreensão do significado da palavra.
· Ecopraxia - Repetição de gestos e praxias.
· Enurese - Emissão involuntária de urina.
· Esfíncter - Músculo que rodeia um orifício natural. Em psicanálise, na fase anal está ligado ao controle dos esfíncteres.
· Espaço-temporal - orientar-se no espaço é ver-se e ver as coisas no espaço em relação a si próprio, é dirigir-se, é avaliar os movimentos e adaptá-los no espaço. É a consciência da relação do corpo com o meio.
· Etiologia - Estudo das causas ou origens de uma condição ou doença.
· Figura fundo - Capacidade de focar visivelmente ou aditivamente um estímulo, isolando-o perceptivamente do envolvimento que o integra. Ex. identificar alguém numa fotografia do grupo ou identificar o som de um instrumento musical numa melodia.
· Gagueira ou tartamudez - distúrbio do fluxo e do ritmo normal da fala que envolve bloqueios, hesitações, prolongamentos e repetições de sons, sílabas, palavras ou frases. É acompanhada rapidamente por tensão muscular, rápido piscar de olhos, irregularidades respiratórias e caretas. Atinge mais homens que mulheres.
· Gnosia - Conhecimento, noção e função de um objeto. Segundo Pieron toda a percepção é uma gnosia.
· Grafema - Símbolo da linguagem escrita que representa um código oral da linguagem.
· Hipercinesia - Movimento e atividade motora constante e excessiva. Também designada por hiperatividade.
· Hipocinesia - Ausência de uma quantidade normal de movimentos. Quietude extrema.
· Impulsividade - Comportamento caracterizado pela ação de acordo com o impulso, sem medir as conseqüências da ação. Atuação sem equacionar os dados da situação.
· Lateralidade - Bem estabelecida - implica conhecimento dos dois lados do corpo e a capacidade de os identificar como direita e esquerda.
· Linguagem interior - O processo de interiorizar e organizar as experiências sem ser necessário o uso de símbolos lingüísticos. Ex.: o processo que caracteriza o analfabeto que fala, mas não lê nem escreve.
· Linguagem tatibitate - É um distúrbio (e também de fonação) em que se conserva voluntariamente a linguagem infantil. Geralmente tem causa emocional e pode resultar em problemas psicológicos para a criança.
· Maturação - É o desenvolvimento das estruturas corporais, neurológicas e orgânicas. Abrange padrões de comportamento resultantes da atuação de algum mecanismo interno.
· Memória - Capacidade de reter ou armazenar experiências anteriores. Também designada como "imagem" ou "lembrança".
· Memória cinestésica - É a capacidade da criança reter os movimentos motores necessários à realização gráfica. À medida que a criança entra em contato com o universo simbólico (leitura e escrita) vão ficando retidos em sua memória os diferentes movimentos necessários para o traçado gráfico das letras.
· Morfema - É a menor unidade gramatical. Na palavra infelicidade encontramos três elementos menores cada um chamado de morfema: in (prefixo), felic (radical), idade (sufixo). Os morfemas são utilizados para construir outras palavras: o prefixo in é utilizado em outras palavras como invariável, invejável, inviável, por exemplo.
· Mudez - É a incapacidade de articular palavras, geralmente decorrente de transtornos do sistema nervoso central, atingindo a formulação e a coordenação das idéias e impedindo a sua transmissão em forma de comunicação verbal. Em boa parte dos casos o mutismo decorre de problemas na audição. Os fatores emocionais e psicológicos também estão presentes em algumas formas de mudez. Na mudez eletiva a criança fica muda com determinadas pessoas ou em determinadas situações e em outras não.
· Paratonia - É a persistência de uma certa rigidez muscular, que pode aparecer nas quatro extremidades do corpo ou somente em duas. Quando a criamnça caminha ou corre, os braços e as pernas se movimentam mal e rigidamente.
· Percepção - processo de organização e interpretação dos dados que são obtidos através dos sentido.
a) Percepção da posição - do tamanho e do movimento de um objeto em relação ao observador.
b) Percepção das relações espaciais - das posições a dois ou mais objetos.
c) Consistência perceptiva - capacidade de precisão perceptiva das propriedade invariantes dos objetos como, por exemplo: forma, posição, tamanho etc.
d) Desordem perceptiva - Distúrbio na conscientização dos objetos, suas relações ou qualidade envolvendo a interpretação da estimulação sensorial.
e) Deficiência perceptiva - Distúrbio na aprendizagem, devido a um distúrbio na percepção dos estímulos sensoriais.
f) Perceptivo-motor - Interação dos vários canais da percepção como da atividade motora. Os canais perceptivos incluem: o visual, o auditivo, o olfativo e o cinestésico.
g) Percepção visual - Identificação, organização e interpretação dos dados sensoriais captados pela visão.
h) Percepção social - Capacidade de interpretação de estímulos do envolvimento social e de relacionar tais interpretações com a situação social.
· Preservação - Tendência de continuar uma atividade ininterruptamente; manifesta-se pela incapacidade de modificar, de parar ou de inibir uma dada atividade, mesmo depois do estímulo causador ter sido suprimido.
· Problemas de aprendizagem - São situações difíceis enfrentadas pela criança com um desvio do quadro normal mas com expectativa de aprendizagem a longo prazo (alunos multirrepetentes).
· Praxia - Movimento intencional, organizado, tendo em vista a obtenção de um fim ou de um resultado determinado.
· Rinolalia - Caracteriza-se por uma ressonância nasal maior ou menor que a do padrão correto da fala. Pode ser causada por problemas nas vias nasais, vegetação adenóide, lábio leporino ou fissura palatina.
· Ritmo - Habilidade importante, pois dá à criança a noção de duração e sucessão, no que diz respeito à percepção dos sons no tempo. A falta de habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e entonação inadequadas.
· Sincinesia - É a participação de músculos em movimentos aos quais eles não são necessários. Ex.: coloca-se um objeto numa mão da criança e pede-se que ela aperte, a outra mão também se fechará ao mesmo tempo. Ficar sobre um só pé, para ela é impossível. Há descontinuidade nos gestos, imprecisão de movimentos nos braços e pernas, os movimentos finos dos dedos não são realizados e, num dado ritmo, não podem ser reproduzidos através de atos coordenados, nem por imitação.
· Sintaxe - Parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no discurso , bem como a relação lógica das frases entre si e a correta construção gramatical ; construção gramatical (Dicionário Aurélio)
· Sinergia - Atuação coordenada ou harmoniosa de sistemas ou de estruturas neurológicas de comportamento.
· Somestésico - Relativo à sensibilidade do corpo.
Bibliografia:

FONSECA, Vitor - Escola. Quem és tu? Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
ASSUNÇÃO, Elisabete da. COELHO, Maria Teresa. Problemas de aprendizagem. São Paulo, SP: Editora Ática, 2002.

Perguntas frequentes sobre a Psicopedagogia

1. O que é a psicopedagogia?
A Psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, tendo, portanto, um caráter preventivo e terapêutico. Preventivamente deve atuar não só no âmbito escolar, mas alcançar a família e a comunidade, esclarecendo sobre as diferentes etapas do desenvolvimento, para que possam compreender e entender suas características evitando assim cobranças de atitudes ou pensamentos que não são próprios da idade. Terapeuticamente a psicopedagogia deve identificar, analisar, planejar, intervir através das etapas de diagnóstico e tratamento
2. Quem são os psicopedagogos?
São profissionais preparados para atender crianças ou adolescentes com problemas de aprendizagem, atuando na sua prevenção, diagnóstico e tratamento clínico ou institucional.3. Onde atuam?
O psicopedagogo poderá atuar em escolas e empresas (psicopedagogia institucional), na clínica (psicopedagogia clínica).
4. Como se dá o trabalho na clínica?
O psicopedagogo, através do diagnóstico clínico, irá identificar as causas dos problemas de aprendizagem. Para isto, ele usará instrumentos tais como, provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), histórias, material pedagógico etc.
Na clínica, o psicopedagogo fará uma entrevista inicial com os pais ou responsáveis para conversar sobre horários, quantidades de sessões, honorários, a importância da freqüência e da presença e o que ocorrer. Neste momento não é recomendável falar sobre o histórico do sujeito, já que isto poderá atrapalhar a investigação. O histórico do sujeito, desde seu nascimento, será relatado ao final das sessões numa entrevista chamada anamnese, com os pais ou responsáveis.


5. O diagnostico é composto de quantas sessões?
Geralmente faz-se o diagnóstico entre 8 a 10 sessões. O ideal é que haja duas sessões por semana.6. E depois do diagnóstico?
O diagnóstico poderá confirmar ou não as suspeitas do psicopedagogo. O profissional poderá identificar problemas de aprendizagem. Neste caso ele indicará um tratamento psicopedagógico, mas poderá também identificar outros problemas e aí ele poderá indicar um psicólogo, um fonoaudiólogo, um neurologista, ou outro profissional a depender do caso. Ele poderá perceber também, que o problema esteja na escola, então possivelmente ele recomendará uma troca de escola.
7. E o tratamento psicopedagógico?
O tratamento poderá ser feito com o próprio psicopedagogo que fez o diagnóstico, ou poderá ser feito com outro psicopedagogo. Neste caso, este último solicitará o informe psicopedagógico para análise.
Durante o tratamento são realizadas diversas atividades, com o objetivo de identificar a melhor forma de se aprender e o que poderá estar causando este bloqueio. Para isto, o psicopedagogo utilizará recursos como jogos, desenhos, brinquedos, brincadeiras, conto de histórias, computador e outras coisas que forem oportunas. A criança, muitas vezes, não consegue falar sobre seus problemas e é através de desenhos, jogos, brinquedos que ela poderá revelar a causa de sua dificuldade. É através dos jogos que a criança adquire maturidade, aprende a ter limites, aprende a ganhar e perder, desenvolve o raciocínio, aprende a se concentrar, adquire maior atenção.
O psicopedagogo solicitará, algumas vezes, as tarefas escolares, observando cadernos, olhando a organização e os possíveis erros, ajudando-o a compreender estes erros.Irá ajudar a criança ou adolescente, a encontrar a melhor forma de estudar para que ocorra a aprendizagem.
O profissional poderá ir até a escola para conversar com o(a) professor(a), afinal é ela que tem um contato diário com o aluno e pode dar muitas informações que possam ajudar no tratamento.O psicopedagogo precisa estudar muito. E muitas vezes será necessário recorrer a outro profissional para conversar, trocar idéias, pedir opiniões.
8. Como se dá o trabalho na Instituição?
O psicopedagogo na instituição escolar poderá:
- ajudar os professores, auxiliando-os na melhor forma de elaborar um plano de aula para que os alunos possam entender melhor as aulas;- ajudar na elaboração do projeto pedagógico;- orientar os professores na melhor forma de ajudar, em sala de aula, aquele aluno com dificuldades de aprendizagem;- realizar um diagnóstico institucional para averiguar possíveis problemas pedagógicos que possam estar prejudicando o processo ensino-aprendizagem;- encaminhar o aluno para um profissional (psicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo etc) a partir de avaliações psicopedagógicos;- conversar com os pais para fornecer orientações;- auxiliar a direção da escola para que os profissionais da instituição possam ter um bom relacionamento entre si;- Conversar com a criança ou adolescente quando este precisar de orientação.9. O que é fundamental na atuação psicopedagógica?A escuta é fundamental para que se possa conhecer como e o que o sujeito aprende, e como diz Nádia Bossa, “perceber o interjogo entre o desejo de conhecer e o de ignorar”.O psicopedagogo também deve estar preparado para lidar com possíveis reações frente a algumas tarefas, tais como: resistências, bloqueios, sentimentos, lapsos etc.E não parar de buscar, de conhecer, de estudar, para compreender de forma mais completa estas crianças ou adolescentes já tão criticados por não corresponderem às expectativas dos pais e professores.

Breve Histórico da Psicopedagogia

Os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa, em 1946, por J Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica. Estes Centros uniam conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, onde tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar e atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes (MERY apud BOSSA, 2000, p. 39).

Na literatura francesa – que, como vimos, influencia as idéias sobre psicopedagogia na Argentina (a qual, por sua vez, influencia a práxis brasileira) – encontra-se, entre outros, os trabalhos de Janine Mery, a psicopedagoga francesa que apresenta algumas considerações sobre o termo psicopedagogia e sobre a origem dessas idéias na Europa, e os trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na França,..., onde se percebeu as primeiras tentativas de articulação entre Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, na solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (BOSSA, 2000, p. 37)

Esperava-se através desta união Psicologia-Psicanálise-Pedagogia, conhecer a criança e o seu meio, para que fosse possível compreender o caso para determinar uma ação reeducadora.

Diferenciar os que não aprendiam, apesar de serem inteligentes, daqueles que apresentavam alguma deficiência mental, física ou sensorial era uma das preocupações da época.

Observamos que a psicopedagogia teve uma trajetória significativa tendo inicialmente um caráter médico-pedagógico dos quais faziam parte da equipe do Centro Psicopedagógico: médicos, psicólogos, psicanalistas e pedagogos.

Esta corrente européia influenciou significativamente a Argentina. Conforme a psicopedagoga Alicia Fernández (apud BOSSA, 2000, p. 41), a Psicopedagogia surgiu na Argentina há mais de 30 anos e foi em Buenos Aires, sua capital, a primeira cidade a oferecer o curso de Psicopedagogia.

Foi na década de 70 que surgiram, em Buenos Aires, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnóstico e tratamento. Estes psicopedagogos perceberem um ano após o tratamento que os pacientes resolveram seus problemas de aprendizagem, mas desenvolveram distúrbios de personalidade como deslocamento de sintoma. Resolveram então incluir o olhar e a escuta clínica psicanalítica, perfil atual do psicopedagogo argentino (Id. Ibid., 2000, p.41).

Na Argentina, a psicopedagogia tem um caráter diferenciado da psicopedagogia no Brasil. São aplicados testes de uso corrente, “alguns dos quais não sendo permitidos aos brasileiros...” (Id. Ibid., p. 42), por ser considerado de uso exclusivo dos psicólogos (cf. BOSSA, p. 58). “... os instrumentos empregados são mais variados, recorrendo o psicopedagogo argentino, em geral, a provas de inteligência, provas de nível de pensamento; avaliação do nível pedagógico; avaliação perceptomotora; testes projetivos; testes psicomotores; hora do jogo psicopedagógico” (Id. Ibid., 2000, p. 42).

A psicopedagogia chegou ao Brasil, na década de 70, cujas dificuldades de aprendizagem nesta época eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos (Id. Ibid., 2000, p. 48-49).

Inicialmente, os problemas de aprendizagem foram estudados e tratados por médicos na Europa no século XIX e no Brasil percebemos, ainda hoje, que na maioria das vezes a primeira atitude dos familiares é levar seus filhos a uma consulta médica.

Na prática do psicopedagogo, ainda hoje é comum receber no consultório crianças que já foram examinadas por um médico, por indicação da escola ou mesmo por iniciativa da família, devido aos problemas que está apresentando na escola (Id. Ibid., 2000, p. 50).

A Psicopedagogia foi introduzida aqui no Brasil baseada nos modelos médicos de atuação e foi dentro desta concepção de problemas de aprendizagem que se iniciaram, a partir de 1970, cursos de formação de especialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto Alegre, com a duração de dois anos (Id. Ibid., 2000, p. 52).

De acordo com Visca, a Psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (VISCA apud BOSSA, 2000, p. 21).

Com esta visão de uma formação independente, porém complementar, destas duas áreas, o Brasil recebeu contribuições, para o desenvolvimento da área psicopedagógica, de profissionais argentinos tais como: Sara Paín, Jacob Feldmann, Ana Maria Muniz, Jorge Visca, dentre outros.

Temos o professor argentino Jorge Visca[1][1] como um dos maiores contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil. Foi o criador da Epistemologia Convergente, linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: Escola de Genebra - Psicogenética de Piaget (já que ninguém pode aprender além do que sua estrutura cognitiva permite), Escola Psicanalítica - Freud ( já que dois sujeitos com igual nível cognitivo e distintos investimentos afetivos em relação a um objeto aprenderão de forma diferente) e a Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière ( pois se ocorresse uma paridade do cognitivo e afetivo em dois sujeitos de distinta cultura, também suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto seriam diferentes, devido as influências que sofreram por seus meios sócio-culturais) (VISCA, 1991, p. 66).

Visca propõe o trabalho com a aprendizagem utilizando-se de uma confluência dos achados teóricos da escola de Genebra, em que o principal objeto de estudo são os níveis de inteligência, com as teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais que representam seu interesse predominante. A esta confluência, junta, também, as proposições da psicologia social de Pichon Rivière, mormente porque a aprendizagem escolar, além do lidar com o cognitivo e com o emocional, lida também com relações interpessoais vivenciadas em grupos sociais específicos (França apud Sisto et. al. 2002, p. 101).

A análise do sujeito através de correntes distintas do pensamento psicológico concebeu uma proposta de diagnóstico, de processo corretor e de prevenção, dando origem ao método clínico psicopedagógico.

...quando se fala de psicopedagogia clínica, se está fazendo referência a um método com o qual se tenta conduzir à aprendizagem e não a uma corrente teórica ou escola. Em concordância com o método clínico podem-se utilizar diferentes enfoques teóricos. O que eu preconizo é o da epistemologia convergente (VISCA, 1987, p. 16).

Visca implantou CEPs no Rio de Janeiro, São Paulo, capital e Campinas, Salvador, e Curitiba. Deu aulas em Salvador, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Itajaí, Joinville, Maringá, Goiânia, Foz do Iguaçu e muitas outras. (Cf. BARBOSA, 2002, p. 14).

Muitos outros cursos de Psicopedagogia foram surgindo ao longo deste período até os dias atuais e este crescimento não pára de acontecer o que indica uma grande procura por esta profissão.

Existe, em nosso país há 13 anos a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) que dá um norte a esta profissão. Ela é responsável pela organização de eventos, pela publicação de temas relacionados à Psicopedagogia, cadastro dos profissionais.



Bibliografia:

BARBOSA, Laura Monte Serrat. A História da Psicopedagogia contou também com Visca, in Psicopedagogia e Aprendizagem. Coletânea de reflexões. Curitiba, 2002.
BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.
SISTO, F.F. Aprendizagem e mudanças cognitivas em crianças. Petrópolis, Vozes, 1997.
VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre,Artes Médicas, 1987.
___________. Psicopedagogia: novas contribuições; organização e tradução Andréa Morais, Maria Isabel Guimarães – Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1991.

.Dicas de livros 2

Dificuldades De Aprendizagem: O Que São? Como Tratá -las?
Autora: Nadia A. BossaEditora: ARTMED - BOOKMAN
Sinopse:Neste livro a psicopedagoga Nadia A .Bossa aborda a questão da dificuldade de aprendizagem escolar, apontando suas causas e formas de tratamento. Ressalta a importância da família e do professor no processo de aprendizagem e enfoca os procedimentos da ação psicopedagógica na clínica e na escola.


Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica
Autor(a): EULALIA BASSEDAS, MAITE MARRODAN, TERESA HUGUET
Editora: Artmed
Sinopse:O modelo de relacão entre o psicopedagogo e o professor tem-se tornado cada vez mais amplo.Assim, a intervenção educativa desse profissional não é baseada somente no tratamento especifico dos alunos com problemas, mas afeta o processo de ensino-aprendizagem de forma global. Sendo assim, no diagnóstico psicopedagágico estão envolvidos a escola, o professor, o aluno, a família e o psicopedagogo. pois a realidade do processo de escoleirizacão é o resultado de um conjunto de inter-relacões complexas entre os diferentes coletivos.Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico explica as bases teóricas inspiradas no construtivismo de J.Piaget e na teoria de sistemas, descrevendo em detalhes os diversos elementos existentes no diagnóstico e no seu seguimento: entrevistes com pais e professores, observações, revisões de trabalhos de aula, adaptações curriculares, etc.Tendo em vista uma abordagem mais completa da assunto, os autores - profissionais com larga experiência em tarefas de assessoramento psicopedegógica ilustrem as referências teóricas mencionadas com exemplos e descrições de casos extraídos de prática cotidiana.


Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica
Autor(a): JESUS-NICASIO GARCIA SANCHEZ
Editora: Artmed
Sinopse:As pesquisas que se desenvolveram nos últimos anos, principalmente a partir da Psicologia Educativa, vêm contribuindo para o desenvolvimento da psicopedagogia que está se firmando como uma área do conhecimento extremamente importante na melhora da qualidade de vida das pessoas, especificamente nas que sofrem de dificuldades de aprendizagem.


Orientação Educacional e Intervenção Psicopedagógica
Autor(a): ISABEL SOLE
Editora: Artmed
Sinopse:A criação de serviços psicopedagógicos, a presença nos centros educativos de profissionais que exercem a atividade de psicopedagogos têm provocado inúmeros debates e polêmicas em praticamente todas as suas dimensões - no que se refere à estrutura, à organização e à localização dos recursos; à formação mais adequada de profissionais; aos modelos de intervenção, às tarefas prioritárias, às estratégias que permitem uma intervenção eficaz, etc. Embora a maioria desses pontos permaneça em aberto, este livro oferece um conjunto de respostas coerentes que justifica o entendimento da intervenção psicopedagógica, suas hipóteses teóricas e sua concretização prática.

Piaget e a Intervenção Psicopedagógica
Autor(a): MARIA LUIZA ANDREOZZI DA COSTA
Editora: Olho D´Água
Sinopse:Professora doutora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade católica de São Paulo (PUCSP); leciona no curso regular de Pedagogia e no de especialização em Psicopedagogia. Desenvolve pesquisa e orientação de monografias no Departamento de Fundamentos da Educação da PUCSP sobre o movimento da inteligência ancorado no movimento do desejo. É psicanalista, com trabalho em consultório.


Psicopedagogia Institucional aplicada
Autor: ELOISA QUADROS FAGALI / ZELIA DEL RIO DO VALE
Editora: VOZES


Psicopedagogia Institucional Sistêmica
Autor: GASPARIAN, MARIA CECILIA C.
Editora: LEMOS EDITORIAL


Psicopedagogia na escola: buscando condições para a aprendizagem significativa
Organizador
: MASINI, ELCIE F. SALZANO
Editora: LOYOLA

.Dicas de Livros 1

Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar

Autor(a): MARIA LUCIA L. WEISS
Editora: DP&A
Sinopse:Trata da aprendizagem humana e dos diversos fatores que conduzem ao fracasso escolar. Traz detalhado a descrição de sessões de psicopedagogia.


Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem

Autor: SARA PAIN
Editora: Artmed
Sinopse: Este é um livro de referência na área da psicopedagogia e da psicologia da aprendizagem que se mantém atualizado e essencial aos profissionais que buscam recursos qualificados para o diagnóstico e o tratamento dos problemas de aprendizagem.Sara Paín une de forma inovadora a psicanálise, a teoria piagetiana e o materialismo histórico, oferecendo subsídios teóricos e práticos para qualificar o trabalho realizado com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem.


Psicopedagogia clínica: manual de aplicação prática para diagnóstico de distúrbios de aprendizagem

Autor: MARCIA SIQUEIRA DE ANDRADEEditora: POLUSS EDITORIAL
Sinopse: Um manual prático de aplicação de testes que faz o roteiro para o diagnóstico preciso dos distúrbios de aprendizado. O livro é também um fórum sensível e inteligente de reflexão sobre a nova ciência da Psicopedagogia.


Avaliação Psicopedagógica da Criança de 0 a 6 Anos
Autor:
N.A. BOSSA & V.B. OLIVEIRA
Editora: Vozes
Sinopse: Analisa o comportamento da criança e a importância fundamental de atividades lúdicas na integração do afeto e na exploração do mundo.

Avaliação Psicopedagógica da Criança de 7 a 11 Anos

Autor: NADIA APARECIDA BOSSA & VERA BARROS OLIVEIRA
Editora: Vozes
Sinopse:Experientes educadores se reúnem aqui para orientar sobre o comportamento de crianças entre sete e doze anos e a importância da integração na escola e família.


Avaliação Psicopedagógica do Adolescente

Autor: NADIA BOSSA & VERA BARROS DE OLIVEIRA
Editora: Vozes
Sinopse:Avaliar o adolescente com os olhos no século XXI requer, mais do que nunca, um conhecimento integrado de suas múltiplas possibilidades e capacidade de se envolver com o amor e o trabalho. Esta é a proposta deste livro.



A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família

Autor: ALICIA FERNANDEZ
Editora: Artmed
Sinopse: Quando iniciamos com Moccio e Martinez, a corrente de Psicodrama Psicanalítico em nosso país, um de nossos maiores anseios era o de que nossos trabalhos alcançassem, não somente os psicoterapeutas clínicos, mas também a todas aquelas pessoas interessadas na utilização técnicas dramáticas em outros campos da psicologia. O Centro de Aprendizagem do Hospital Posadas, dirigido por Alícia Fernández, superou aquelas expectativas.Os tratamentos psicopedagógicos para crianças e adolescentes são encarados em grupos e com a utilização de técnicas dramáticas. Tive a oportunidade de visitar o Centro por duas vezes, e observei o interesse, a dedicação, o conhecimento e a paixão necessárias - que requer este tipo de tarefas nos profissionais do Serviço. Gostaria de salientar, além disso, outros dois elementos em destaque: a coerência ideológica, a criatividade.Depois de épocas como as do Processo - onde se tentou "mutilar" todas as tarefas grupais assistenciais -, este Serviço é um magnfflco exemplo de que gente jovem também sabe construir a outra história da psicologia, e seu maior mérito é "recriá-la contextualizando-a." É mérito de Alícia Fernandez o ter sabido conduzir este projeto. Estou certo de que este livro será de grande utilidade para a psicopedagogia.


Representação simbólica na clínica psicopedagógica
Autor: PEGO, MARCIA GOULART TOZZI
Editora: VETOR
Sinopse:Nesta obra, a autora reúne sua experiência no atendimento clínico psicopedagógico ao trabalho de pesquisa na área dos distúrbios de aprendizagem. Fatos ocorridos no espaço clínico que poderiam ser ignorados passam a ser fonte de cuidadosa observação. O espontâneo e o imprevisível, que fazem parte das sessões, tornam-se material valioso, não só para o período de diagnóstico, mas também para a intervenção psicopedagógica.

O NEPAP





O NEPAP – Núcleo de Estudos, Pesquisa e Atendimento Psicopedagógico, cuja finalidade é prestar serviços de assessoria e consultoria psicopedagógica enfatizando os processos de ensino-aprendizagem,bem como os obstáculos que impeçam o seu desenvolvimento, é constituído pelas Pedagogas com Especialização em Psicopedagogia Ieda Miranda, Márcia Valéria Martins Bezerra e Marilene Sá.
Considerando as necessidades próprias de cada instituição o NEPAP após avaliação diferenciada indicará ajustes que possibilitem superar os problemas encontrados. No caso de instituição educacional serão organizadas rodas de aprendizagem que subsidie e fundamente a prática pedagógica bem como reuniões de orientação aos Pais e encaminhamento dos alunos que apresentem dificuldade de aprendizagem.
Quanto ao sujeito cognocente, quer seja criança, jovem, adulto ou idoso, serão levadas em consideração suas características individuais e singulares no sentido que o mesmo seja capaz de construir seu conhecimento e quebrar as amarras que o impossibilitem de aprender.
Buscando propiciar atualização continuada para os Psicopedagogos e demais profissionais das áreas afins o NEPAP promoverá cursos, palestras, seminários e grupos de estudos.
Procurando contribuir com a melhoria do ensino público serão feitas intervenções psicopedagógicas em instituições educativas de caráter público no sentido de reverter o grande número de crianças com dificuldades de aprendizagem por meio de orientação a equipe pedagógica e atendimento gratuito a esses alunos.