domingo, 1 de março de 2009

PROJETO DE LEI - DISLEXIA

PROJETO DE LEI Nº DE 2008.
(Do Sr. Sandes Júnior)
“Dispõe sobre a criação do Programa de
Identificação e Tratamento da Dislexia
na Rede Oficial de Educação pública e
dá outras providências.”
O Congresso Nacional Decreta:
Artigo 1º - Fica obrigado o Poder Executivo a implantar, em 90
dias, o Programa de Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial
de Educação, objetivando a detecção precoce e acompanhamento dos
estudantes com o distúrbio.
Parágrafo Único - A obrigatoriedade de que trata o caput deste
artigo refere-se à aplicação de exame nos educandos matriculados na 1ª série
do Ensino Fundamental, em alunos já matriculados na rede, com o advento
desta lei, e em alunos de qualquer série admitidos por transferência de outras
escolas que não da rede pública.
Artigo 2º - O Programa de Identificação e Tratamento da
Dislexia na Rede Oficial de Educação deverá abranger a capacitação
permanente dos educadores para que tenham condições de identificar os sinais
da dislexia e de outros distúrbios nos educandos.
Artigo 3º - Caberá aos Ministérios da Saúde e da Educação a
formulação de diretrizes para viabilizar a plena execução do Programa de
Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação, sendo
obrigada a criação de equipes multidisciplinares com os profissionais
necessários à perfeita execução do trabalho de prevenção e tratamento.
Parágrafo Único – A equipe multidisciplinar responsável pelo
diagnóstico deverá ter obrigatoriamente um(a) profissional das áreas de
Psicologia, Fonoaudiologia e Psicopedagogia.
5B02D08A26 *5B02D 08A26*
Artigo 4º - O Programa de Identificação e Tratamento da
Dislexia na Rede Oficial de Educação terá caráter preventivo e também
proverá o tratamento do educando.
Artigo 5º - As despesas decorrentes da execução desta lei
correrão por conta de dotações orçamentárias próprias.
Artigo 6º - O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta lei
em até 30 (trinta) dias a contar de sua entrada em vigor.
Artigo 7º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICATIVA
A dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de
origem neurobiológica e genética, caracterizada por dificuldades na
aprendizagem da leitura e da escrita. É uma perturbação que necessita de
intervenção precoce e especializada. Crianças disléxicas quando tratadas,
superam o problema e passam a se assemelhar àquelas que nunca tiveram
qualquer dificuldade de aprendizado.
Pesquisas científicas ao considerarem uma base neurocognitiva
universal para dislexia, apontam dificuldades em todas as linguas. Entretanto,
as diferenças de competência leitora entre os disléxicos devem-se, em parte,
às diferentes ortografias, afirma Paula Teles, especialista em dislexia. Nas
línguas mais transparentes, em que a correspondência grafema-fonema é mais
regular, como o italiano, são cometidos menos erros. Nas línguas opacas, em
que existem muitas irregularidades na correspondência grafema-fonema,
como a língua inglesa, são cometidos mais erros.
A língua portuguesa é uma língua semitransparente, portanto
com dificuldade real e exigindo atenção equivalente.
SaIIy Shaywitz e colaboradores (1998) estudaram o
funcionamento do cérebro, durante as tarefas de leitura e identificaram três
áreas, no hemisfério esquerdo, que desempenham funções chave no processo
de leitura:1º) o girus inferior frontal, que é a área da linguagem oral, onde se
inicia a análise dos fonemas. Esta zona está particularmente ativa nos leitores
iniciantes e disléxicos; 2º) a área parietal-temporal , é onde é feita a análise
das palavras. Realiza o processamento visual da forma das letras, estabelece a
5B02D08A26 *5B02D 08A26*
correspondência grafofonêmica. Esta leitura analitica processa-se lentamente.
É a via utilizada pelos leitores iniciantes e disléxicos: 3º) a área occiptaltemporal
é a área onde se processa o reconhecimento visual das palavras,
onde se realiza a leitura rápida e automática. Ë a zona para onde convergem
todas as informações dos diferentes sistemas sensoriais, onde se encontra
armazenado o “modelo neurológico da palavra”.
Os leitores eficientes utilizam este percurso rápido e automático
para ler as palavras. Os leitores disléxicos utilizam um percurso lento e
analítico para decodificar as palavras. Apresentam dificuldades com
diferentes graduações, que podem ser sanadas a partir da identificação da
perturbação e do tratamento adequado, pois os disléxicos manifestam
evidentes dificuldades em automatizar a decodificação das palavras, em
realizar uma leitura fluente, correta e compreensiva, embora o cérebro do
disléxico seja completamente normal.
Alguns pesquisadores acreditam que quanto mais cedo é tratada a
dislexia, maior a chance de corrigir as falhas nas conexões cerebrais da
criança. A dislexia se tratada nos primeiros anos de vida da criança, pode ser
curada por completo.
Assim sendo a criança ao chegar no ensino fundamental, caso
tenha algum grau de dislexia, certamente enfrentará dificuldades que podem
ser erroneamente interpretadas. Os professores precisam estar informados dos
sintomas como desatenção e dispersão, dificuldade de copiar do quadro ou
dos livros, dificuldade na coordenação motora fina, desorganização geral,
dificuldades visuais, confusão entre direita e esquerda, dificuldades em
manusear mapas, dicionários e listas telefônicas. As conseqüências da nãointervenção
são possíveis prejuízos emocionais, sociais e laborais.
O diagnóstico, o acompanhamento e o tratamento devem ser
feitos por uma equipe multidisciplinar formada por fonoaudiólogo, psicólogo,
educadores, neurologistas e outros especialistas que se fizerem necessários.
Diante do aqui exposto, solicito o apoio dos nobres Pares para
aprovação da presente proposição.
Sala das Sessões, em de de 2008.
Deputado SANDES JÚNIOR
PP/GO

CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICOPEDAGOGO - ABPp

Elaborado pelo Conselho Nacional do biênio 91/92 e reformulado pelo Conselho Nacional e Nato do biênio 95/96.
Capitulo I - Dos Princípios
Artigo 1ºA Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio—família, escola e sociedade—no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia.
Parágrafo ÚnicoA intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento relacionado com o processo de aprendizagem.
Artigo 2ºA Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprias.
Artigo 3°O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter preventivo e/ou remediativo.
Artigo 4°Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados em 3° grau, portadores de certificados de curse de Pós-Graduação de Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável trabalho de formação pessoal.
Artigo 5ºO trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i) promover a aprendizagem, garantindo o bem estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (ii) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia.
Capitulo II - Das Responsabilidades dos Psicopedagogos
Artigo 6°São deveres fundamentais dos psicopedagogos:a) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem do fenômeno da aprendizagem humana;b) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, mantendo uma atitude crítica, de abertura e respeito em relação às diferentes visões de mundo;c) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado dentro dos limites da competência psicopedagógica;d) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia;e) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações e classe sempre que possível;f) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma definição clara do seu diagnóstico;g) Preservar a identidade, parecer e/ou diagnóstico do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos;h) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes;i) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser conivente ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia. O respeito e a dignidade na relação profissional são deveres fundamentais do psicopedagogo para a harmonia da classe e manutenção do conceito público.
Capitulo III- Das Relações com Outras Profissões
Artigo 7°O psicopedagogo procurará manter e desenvolver boas relações com os componentes das diferentes categorias profissionais, observando, para este fim, o seguinte:a) Trabalhar nos estritos limites das atividades que Ihe são reservadas;b) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização, encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento.
Capítulo IV- Do Sigilo
Artigo 8°
O Psicopedagogo está obrigado a guardar sigilo sobre fatos de que tenha conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade.
Parágrafo ÚnicoNão se entende como quebra de sigilo informar sobre o cliente a especialistas comprometidos com o atendimento.
Artigo 9°O Psicopedagogo não revelará, como o testemunha, fatos de que tenha conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade competente.
Artigo 10°Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados mediante concordância do próprio avaliado ou do seu representante legal.
Artigo 11ºOs prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos e não será franquiado o acesso a pessoas estranhas ao caso.
Capitulo V- Das Publicações Científicas
Na publicação de trabalhos científicos deverão ser observadas as seguintes normas:a) As discordâncias ou críticas deverão ser dirigidas à matéria em discussão e não ao autor;b) Em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos autores, sendo de boa norma dar prioridade na enumeração dos colaboradores aquele que mais contribuiu para a realização do trabalho;c) Em nenhum caso o Psicopedagogo se prevalecerá da posição hierárquica para fazer publicar, em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua orientação;d) Em todo trabalho científico deve ser indicada a fonte bibliográfica utilizada, bem como esclarecidas as idéias descobertas e ilustrações extraídas de cada autor.
Capitulo Vl - Da Publicidade Profissional
Artigo 13°O Psicopedagogo ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo com exatidão e honestidade.
Artigo 14°O Psicopedagogo poderá atuar como consultor científico em organizações que visem o lucro com venda de produtos, desde que busque sempre a qualidade dos mesmos.
Capitulo VII - Dos Honorários
Artigo 15°
Os honorários deverão ser fixados com cuidado a fim de que representem justa retribuição aos serviços prestados e devem ser contratados previamente.
Capitulo Vlll - Das Relações com Educação e Saúde
Artigo 16°
O Psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridade competentes sobre a organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde Pública relativas a questões psicopedagógicas.
Capítulo IX- Da Observância e Cumprimento do Código de Ética
Artigo 17°
Cabe ao Psicopedagogo, por direito, e não por obrigação, seguir este código.
Artigo 18°Cabe ao Conselho Nacional da ABPp orientar e zelar pela fiel observância dos princípios éticos da classe.
Artigo 19°O presente código poderá ser alterado por proposta do Conselho da ABPp e aprovado em Assembléia Geral.
Capitulo X- Das Disposições Gerais
Artigo 20°
O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em Assembléia Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da ABPp em 12/07/1992, e sofreu a 1ª alteração proposta pelo Congresso Nacional e Nato no biênio 95/96 sendo aprovado em 19/07/1996, na Assembléia Geral do III Congresso Brasileiro de Psicopedagogia, da ABPp, da qual resultou a presente redação.

PROJETO DE LEI ATUAL QUE REGULAMENTA A PROFISSÃO DE PSICOPEDAGOGO


PROJETO DE LEI No , DE 2008
(Da Sra. Professora Raquel Teixeira)
Dispõe sobre a regulamentação do
exercício da atividade de Psicopedagogia
.

O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º É livre, em todo o território nacional, o exercício da
atividade de Psicopedagogia, observadas as disposições desta Lei.

Art. 2º Poderão exercer a atividade de Psicopedagogia no
País:
I - os portadores de diploma em curso de graduação em
Psicopedagogia expedido por escolas ou instituições devidamente autorizadas
ou credenciadas nos termos da legislação pertinente;
II - os portadores de diploma em Psicologia, Pedagogia
ou Licenciatura que tenham concluído curso de especialização em
Psicopedagogia, com duração mínima de 600 horas e carga horária de 80% na
especialidade.
III - os portadores de diploma de curso superior que já
venham exercendo ou tenham exercido, comprovadamente, atividades
profissionais de Psicopedagogia em entidade pública ou privada, até a data de
publicação desta Lei.

Art. 3º É assegurado aos atuais ocupantes de cargos ou
funções de Psicopedagogo, em órgãos ou instituições públicas, o direito de
continuar no exercício de suas respectivas atividades, desde que credenciados
pelos órgãos competentes.

Art. 4º São atividades e atribuições da Psicopedagogia
sem prejuízo do exercício das atividades e atribuições pelos profissionais da
educação habilitados:
I - intervenção psicopedagógica, visando a solução dos
problemas de aprendizagem, tendo por enfoque o indivíduo ou a instituição de
ensino público ou privado ou outras instituições onde haja a sistematização do
processo de aprendizagem na forma da lei;
II – realização de diagnóstico e intervenção
psicopedagógica, mediante a utilização de instrumentos e técnicas próprios de
Psicopedagogia;
III - utilização de métodos, técnicas e instrumentos
psicopedagógicos que tenham por finalidade a pesquisa, a prevenção, a
avaliação e a intervenção relacionadas com a aprendizagem;
IV - consultoria e assessoria psicopedagógicas,
objetivando a identificação, a compreensão e a análise dos problemas no
processo de aprendizagem;
V - apoio psicopedagógico aos trabalhos realizados nos
espaços institucionais;
VI - supervisão de profissionais em trabalhos teóricos e
práticos de Psicopedagogia;
VII - orientação, coordenação e supervisão de cursos de
Psicopedagogia;
VIII – direção de serviços de Psicopedagogia em
estabelecimentos públicos ou privados;
IX - projeção, direção ou realização de pesquisas
psicopedagógicas.

Art. 5º Para o exercício da atividade de Psicopedagogia é
obrigatória a inscrição do profissional junto ao órgão competente.
Parágrafo único. São requisitos para a inscrição:
I - a satisfação das exigências de habilitação profissional
previstas nesta Lei;
II - ausência de impedimentos legais para o exercício de
qualquer profissão;
III - inexistência de conduta desabonadora no âmbito
educacional.

Art. 6º O Psicopedagogo que exercer sua atividade em
outra região ficará obrigado a visar, nela, o seu registro.

Art. 7º São infrações disciplinares:
I - transgredir preceito de ética profissional;
II - exercer a profissão quando impedido de fazê-lo ou
facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos ou impedidos;
III - praticar, no exercício da atividade profissional, ato
que a lei defina como crime;
IV - descumprir determinações dos órgãos competentes
depois de regularmente notificado;
V- deixar de pagar, na data prevista, as contribuições e as
taxas devidas ao órgão competente.

Art. 8º As infrações disciplinares estão sujeitas à
aplicação das seguintes penas:
I - advertência;
II - multa;
III - censura;
IV - suspensão do exercício profissional até trinta dias;
V - cassação do exercício profissional.

Art. 9º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICAÇÃO
Ciente das transformações advindas da aplicação desta
lei, foi apresentado no ano de 1997, pelo então Deputado Barbosa Neto, o
Projeto de Lei que visa a regulamentação do exercício da atividade de
psicopedagogia.
Após receber pareceres favoráveis das comissões de
mérito a que foi distribuída, a proposta foi arquivada com fundamento no art.
105 do Regimento Interno desta Casa – encerramento de legislatura – sem que
fosse apreciado o parecer da Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania, que lhe era favorável.
Decorridos mais de dez anos, este tema continua muito
atual impondo-se, ainda hoje, a aprovação de uma lei que regulamente a
profissão. Em homenagem ao autor da primeira proposta, transcrevemos parte
da justificação por ele apresentada, tendo em vista continuarem presentes os
fundamentos ali lançados:
“Apesar do muito que se tem estudado e discutido
sobre a educação brasileira, o fracasso escolar impõe-se
de forma alarmante e persistente em nossas estatísticas
mostrando que o sistema ampliou o número de vagas,
mas não desenvolveu uma política que o tornasse
eficiente na garantia do bom desempenho no processo de
aprendizagem, possibilitando aos aprendizes o acesso à
cidadania.
A escola, que deveria ser local de promoção do
desenvolvimento das potencialidades de todos os
indivíduos, torna-se, para muitos, palco de fracassos ou
de desenvolvimento insatisfatório e precário.
Esse quadro exige uma urgente revisão do projeto
educacional brasileiro, de modo a melhorar a qualidade
do que se ensina e de como se ensina; do que se
aprende e de como se aprende. Essa situação só poderá
ser enfrentada se o processo de aprendizagem for
analisado sob uma perspectiva que considere não só o
contexto social em que esta prática se dá, mas
simultaneamente com a visão global da pessoa que
aprende e de suas dificuldades nesse processo.
A resposta para tal desafio é a prática
psicopedagógica. exercida por um profissional
especializado, o Psicopedagogo, cuja atuação visa não
apenas a sanar problemas de aprendizagem,
considerando as características multidisciplinares da
pessoa que aprende, buscando melhorar seu
desempenho e aumentar suas potencialidades de
aprendizagem.
Tendo adquirido conhecimentos multidisciplinares e
manuseio de instrumentos psicopedagógicos específicos
que lhes permitem uma atuação eficaz junto aos alunos,
os Psicopedagogos são, hoje, os profissionais que
apresentam as melhores condições de atuar na melhoria
da forma de aprendizagem e na resolução dos problemas
decorrentes desse processo.
Na relação com o aprendiz, o Psicopedagogo
estabelece uma investigação cuidadosa, que permite
levantar uma série de hipóteses indicadoras das
estratégias capazes de criar a situação mais adequada
para que a aprendizagem ocorra.
Além de ter fundamental atuação na área
educacional, os Psicopedagogos avançaram também na
pesquisa cientifica, pois, a partir da eficiência constatada
na prática clínica, estruturaram um corpo de
conhecimentos psicopedagógicos abrindo, ao mesmo
tempo, um vasto campo de investigação de fenômenos
envolvidos no processo da aprendizagem. Assim, a
Psicopedagogia conta, em todo o mundo, inclusive no
Brasil, com um grande acervo de trabalhos científicos
publicados em revistas, livros e boletins, bem como
dissertações de mestrado e teses de doutorado, que já
constituem um conjunto consistente de conhecimentos,
no qual está embasada a atuação psicopedagógica.
Dessa forma, justifica-se a necessidade de um novo
profissional com formação psicopedagógica, a partir de
um curso de especialização em nível de pós-graduação
universitária, capaz de desempenhar um papel especifico
nas dificuldades do processo de aprendizagem com uma
sólida fundamentação centrada no conhecimento
científico, o qual deve ser trabalhado por um conjunto de
disciplinas que possibilitem a compreensão dos
problemas no processo de aprendizagem de forma global
e não fragmentada, constituindo uma estrutura com
programação inter-relacionada e com processo conjunto
de avaliação.
Assim, tendo em vista a quantidade de crianças e
adolescentes que necessitam urgentemente de ajuda e a
existência de profissionais que buscam, cada vez mais, a
formação oferecida pelos cursos de Psicopedagogia em
instituições e universidades brasileiras e desenvolvem
uma pesquisa científica pujante, a regulamentação da
profissão torna-se não só legitima, mas urgente.”
Cabe ressalvar que efetivamos algumas modificações em
relação ao projeto anterior, sendo a principal delas a exclusão dos artigos que
criavam os conselhos federal e regionais de psicopedagogia. Isso deve-se ao
fato de que, por se tratarem esses órgãos de autarquias públicas, a iniciativa
para suas criações é privativa do Poder Executivo.
Diante das razões expostas e estando mais do que
caracterizado o interesse público de que se reveste a matéria, esperamos
contar com o apoio de nossos ilustres Pares para a aprovação do presente
projeto de lei.
Sala das Sessões, em de de 2008.
Deputada PROFESSORA RAQUEL TEIXEIRA
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domingo, 22 de fevereiro de 2009

REFLETINDO

DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM": UMA ROSA COM OUTRO NOME
Imagine por um instante que você está visitando um viveiro de plantas. Você percebe uma agitação lá fora e vai investigar. Você encontra um jovem assistente lutando contra uma roseira. Ele está tentado forçar as pétalas da rosa a se abrirem, e resmunga insatisfeito. Você lhe pergunta o quê está fazendo e ele explica: "meu chefe quer que todas essas rosas floresçam essa semana, então na semana passada eu cortei todas as precoces e hoje estou abrindo as atrasadas". Você protesta dizendo que cada rosa floresce a seu tempo, é absurdo tentar retardar ou apressar isso. Não importa quando a rosa vai desabrochar - uma rosa sempre desabrocha no momento mais oportuno para ela. Você olha novamente a rosa e percebe que ela está murchando, mas quando você o alerta, ele responde: "Ah, isso é mau, ela tem disdesabrochamento congênito. Vamos ter que chamar um especialista". Você diz: "Não, não! Foi você quem fez a rosa murchar! Você só precisaria satisfazer as exigências de água e luz da planta e deixar o resto por conta da natureza!" Você mal consegue acreditar no que está acontecendo. Por quê o chefe dele é tão mal informado e tem expectativas tão irreais em relação às rosas? Essa cena nunca teria se passado em um viveiro, é claro, mas acontece todo o dia em nossas escolas. Professores pressionados por um sistema seguem calendários oficiais que exigem que todas as crianças aprendam no mesmo ritmo e do mesmo jeito. No entanto, as crianças não diferem das rosas em seu desenvolvimento: elas nascem com a capacidade e o desejo de aprender, e aprendem em ritmos diferentes e de modos diferentes. Se formos capazes de satisfazer suas necessidades, proporcionar um ambiente seguro e propício e evitar nos intrometer com dúvidas e ansiedades, aí então - como as rosas - as crianças irão desabrochar cada uma há seu tempo.
Por Jan Hunt, Psicóloga Diretora do "The Natural Child Project”.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Termos usados na Psicopedagogia

O conhecimento de alguns termos é de fundamental importância para profissionais da área de educação e saúde mental. Pensando nisso selecionamos abaixo alguns termos para que possam servir de consulta. Não é nossa intenção explanar sobre cada um deles, mas apresentar apenas um breve significado. Cabe ao profissional buscar outras fontes para se aprofundar sobre causas, sintomas e tratamentos.
· Aprendizagem - É o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maturo, que se expressa diante de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência.
· Agnosia - Etimologicamente, a falta de conhecimento. Impossibilidade de obter informações através dos canais de recepção dos sentidos embora o órgão do sentido não esteja afetado. Ex. a agnosia auditiva é a incapacidade de reconhecer ou interpretar um som mesmo quando é ouvido. No campo médico está associada com uma deficiência neurológica do sistema nervoso.
· Afasia - Perda da capacidade de usar ou compreender a linguagem oral. Está usualmente associada com o traumatismo ou anormalidade do sistema nervoso central. Utilizam-se várias classificações tais como afasia expressiva e receptiva, congênita e adquirida.
· Agrafia - Impossibilidade de escrever e reproduzir os seus pensamentos por escrito.
· Alexia - Perda da capacidade de leitura de letras manuscritas ou impressas.
· Anamnese - Levantamento dos antecedentes de uma doença ou de um paciente, incluindo seu passado desde o parto, nascimento, primeira infância, bem como seus antecedentes hereditários.
· Anomia - Impossibilidade de designar ou lembrar-se de palavras ou nome dos objetos.
· Anorexia - Perda ou diminuição do apetite.
· Anoxia - Diminuição da quantidade de oxigênio existente no sangue.
· Apnéia - Paragem voluntária dos movimentos respiratórios: retenção da respiração.
· Apraxia - Impossibilidade de resposta motora na realização de movimento com uma finalidade. A pessoa não realiza os movimentos apesar de conhecê-lo e não ter qualquer paralisia.
· Ataxia - Dificuldade de equilíbrio e de coordenação dos movimentos voluntários.
· Autismo - Distúrbio emocional da criança caracterizada por incomunicabilidade. A criança fecha-se sobre si mesma e desliga-se do real impedindo de relacionar-se normalmente com as pessoas. Num diagnóstico incorreto pode ser confundido com retardo mental, surdo-mudez, afasia e outras síndromes.
· Bulimia - Fome exagerada de causa psicológica.
· Catarse - Efeito provocado pela conscientização de uma lembrança fortemente emocional ou traumatizante até então reprimida.
· Catatonia - Síndrome complexa em que o indivíduo se mantém numa dada posição ou continua sempre o mesmo gesto sem parar. Persistência de atitudes corporais sem sinais de fadiga.
· Cinestesia - Impressão geral resultante de um conjunto de sensações internas caracterizado essencialmente por bem-estar ou mal-estar.
· Complemento (Closure) - Capacidade de reconhecer o aspecto global, especialmente quando uma ou mais partes do todo está ausente ou quando a continuidade é interrompida por intervalos.
· Consciência fonológica - Denomina-se consciência fonológica a habilidade metalinguística de tomada de consciência das características formais da linguagem. Esta habilidade compreende dois níveis:1. A consciência de que a língua falada pode ser segmentada em unidades distintas, ou seja, a frase pode ser segmentada em palavras; as palavras, em sílabas e as sílabas, em fonemas.2. A consciência de que essas mesmas unidades repetem-se em diferentes palavras faladas (rima, por exemplo).
· Coordenação viso-motora - É a integração entre os movimentos do corpo (globais e específicos) e a visão.
· Disartria - Dificuldade na articulação de palavras devido a disfunções cerebrais.
· Discalculia - Dificuldade para a realização de operações matemáticas usualmente ligadas a uma disfunção neurológica, lesão cerebral, deficiência de estruturação espaço-temporal.
· Disgrafia - Escrita manual extremamente pobre ou dificuldade de realização dos movimentos motores necessários à escrita. Esta disfunção está muitas vezes ligada a disfunções neurológicas.
· Dislalia - É a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de sons na palavra falada.
· Dislexia - Dificuldade na aprendizagem da leitura, devido a uma imaturidade nos processos auditivos, visuais e tatilcinestésicos responsáveis pela apropriação da linguagem escrita.
· Disortografia - Dificuldade na expressão da linguagem escrita, revelada por fraseologia incorretamente construída, normalmente associada a atrasos na compreensão e na expressão da linguagem escrita.
· Disgnosia - Perturbação cerebral comportando uma má percepção visual.
· Dismetria - Realização de movimentos de forma inadequada e pouco econômica.
· Dispnéia - Dificuldade de respirar.
· DSM IV - É a classificação dos Transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria. Descreve as características dos transtornos apresentando critérios diagnósticos. Ver o DSM IV no site psiqueweb: http://gballone.sites.uol.com.br/
· Ecolalia - Imitação de palavras ou frases ditas por outra pessoa, sem a compreensão do significado da palavra.
· Ecopraxia - Repetição de gestos e praxias.
· Enurese - Emissão involuntária de urina.
· Esfíncter - Músculo que rodeia um orifício natural. Em psicanálise, na fase anal está ligado ao controle dos esfíncteres.
· Espaço-temporal - orientar-se no espaço é ver-se e ver as coisas no espaço em relação a si próprio, é dirigir-se, é avaliar os movimentos e adaptá-los no espaço. É a consciência da relação do corpo com o meio.
· Etiologia - Estudo das causas ou origens de uma condição ou doença.
· Figura fundo - Capacidade de focar visivelmente ou aditivamente um estímulo, isolando-o perceptivamente do envolvimento que o integra. Ex. identificar alguém numa fotografia do grupo ou identificar o som de um instrumento musical numa melodia.
· Gagueira ou tartamudez - distúrbio do fluxo e do ritmo normal da fala que envolve bloqueios, hesitações, prolongamentos e repetições de sons, sílabas, palavras ou frases. É acompanhada rapidamente por tensão muscular, rápido piscar de olhos, irregularidades respiratórias e caretas. Atinge mais homens que mulheres.
· Gnosia - Conhecimento, noção e função de um objeto. Segundo Pieron toda a percepção é uma gnosia.
· Grafema - Símbolo da linguagem escrita que representa um código oral da linguagem.
· Hipercinesia - Movimento e atividade motora constante e excessiva. Também designada por hiperatividade.
· Hipocinesia - Ausência de uma quantidade normal de movimentos. Quietude extrema.
· Impulsividade - Comportamento caracterizado pela ação de acordo com o impulso, sem medir as conseqüências da ação. Atuação sem equacionar os dados da situação.
· Lateralidade - Bem estabelecida - implica conhecimento dos dois lados do corpo e a capacidade de os identificar como direita e esquerda.
· Linguagem interior - O processo de interiorizar e organizar as experiências sem ser necessário o uso de símbolos lingüísticos. Ex.: o processo que caracteriza o analfabeto que fala, mas não lê nem escreve.
· Linguagem tatibitate - É um distúrbio (e também de fonação) em que se conserva voluntariamente a linguagem infantil. Geralmente tem causa emocional e pode resultar em problemas psicológicos para a criança.
· Maturação - É o desenvolvimento das estruturas corporais, neurológicas e orgânicas. Abrange padrões de comportamento resultantes da atuação de algum mecanismo interno.
· Memória - Capacidade de reter ou armazenar experiências anteriores. Também designada como "imagem" ou "lembrança".
· Memória cinestésica - É a capacidade da criança reter os movimentos motores necessários à realização gráfica. À medida que a criança entra em contato com o universo simbólico (leitura e escrita) vão ficando retidos em sua memória os diferentes movimentos necessários para o traçado gráfico das letras.
· Morfema - É a menor unidade gramatical. Na palavra infelicidade encontramos três elementos menores cada um chamado de morfema: in (prefixo), felic (radical), idade (sufixo). Os morfemas são utilizados para construir outras palavras: o prefixo in é utilizado em outras palavras como invariável, invejável, inviável, por exemplo.
· Mudez - É a incapacidade de articular palavras, geralmente decorrente de transtornos do sistema nervoso central, atingindo a formulação e a coordenação das idéias e impedindo a sua transmissão em forma de comunicação verbal. Em boa parte dos casos o mutismo decorre de problemas na audição. Os fatores emocionais e psicológicos também estão presentes em algumas formas de mudez. Na mudez eletiva a criança fica muda com determinadas pessoas ou em determinadas situações e em outras não.
· Paratonia - É a persistência de uma certa rigidez muscular, que pode aparecer nas quatro extremidades do corpo ou somente em duas. Quando a criamnça caminha ou corre, os braços e as pernas se movimentam mal e rigidamente.
· Percepção - processo de organização e interpretação dos dados que são obtidos através dos sentido.
a) Percepção da posição - do tamanho e do movimento de um objeto em relação ao observador.
b) Percepção das relações espaciais - das posições a dois ou mais objetos.
c) Consistência perceptiva - capacidade de precisão perceptiva das propriedade invariantes dos objetos como, por exemplo: forma, posição, tamanho etc.
d) Desordem perceptiva - Distúrbio na conscientização dos objetos, suas relações ou qualidade envolvendo a interpretação da estimulação sensorial.
e) Deficiência perceptiva - Distúrbio na aprendizagem, devido a um distúrbio na percepção dos estímulos sensoriais.
f) Perceptivo-motor - Interação dos vários canais da percepção como da atividade motora. Os canais perceptivos incluem: o visual, o auditivo, o olfativo e o cinestésico.
g) Percepção visual - Identificação, organização e interpretação dos dados sensoriais captados pela visão.
h) Percepção social - Capacidade de interpretação de estímulos do envolvimento social e de relacionar tais interpretações com a situação social.
· Preservação - Tendência de continuar uma atividade ininterruptamente; manifesta-se pela incapacidade de modificar, de parar ou de inibir uma dada atividade, mesmo depois do estímulo causador ter sido suprimido.
· Problemas de aprendizagem - São situações difíceis enfrentadas pela criança com um desvio do quadro normal mas com expectativa de aprendizagem a longo prazo (alunos multirrepetentes).
· Praxia - Movimento intencional, organizado, tendo em vista a obtenção de um fim ou de um resultado determinado.
· Rinolalia - Caracteriza-se por uma ressonância nasal maior ou menor que a do padrão correto da fala. Pode ser causada por problemas nas vias nasais, vegetação adenóide, lábio leporino ou fissura palatina.
· Ritmo - Habilidade importante, pois dá à criança a noção de duração e sucessão, no que diz respeito à percepção dos sons no tempo. A falta de habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e entonação inadequadas.
· Sincinesia - É a participação de músculos em movimentos aos quais eles não são necessários. Ex.: coloca-se um objeto numa mão da criança e pede-se que ela aperte, a outra mão também se fechará ao mesmo tempo. Ficar sobre um só pé, para ela é impossível. Há descontinuidade nos gestos, imprecisão de movimentos nos braços e pernas, os movimentos finos dos dedos não são realizados e, num dado ritmo, não podem ser reproduzidos através de atos coordenados, nem por imitação.
· Sintaxe - Parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no discurso , bem como a relação lógica das frases entre si e a correta construção gramatical ; construção gramatical (Dicionário Aurélio)
· Sinergia - Atuação coordenada ou harmoniosa de sistemas ou de estruturas neurológicas de comportamento.
· Somestésico - Relativo à sensibilidade do corpo.
Bibliografia:

FONSECA, Vitor - Escola. Quem és tu? Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
ASSUNÇÃO, Elisabete da. COELHO, Maria Teresa. Problemas de aprendizagem. São Paulo, SP: Editora Ática, 2002.

Perguntas frequentes sobre a Psicopedagogia

1. O que é a psicopedagogia?
A Psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, tendo, portanto, um caráter preventivo e terapêutico. Preventivamente deve atuar não só no âmbito escolar, mas alcançar a família e a comunidade, esclarecendo sobre as diferentes etapas do desenvolvimento, para que possam compreender e entender suas características evitando assim cobranças de atitudes ou pensamentos que não são próprios da idade. Terapeuticamente a psicopedagogia deve identificar, analisar, planejar, intervir através das etapas de diagnóstico e tratamento
2. Quem são os psicopedagogos?
São profissionais preparados para atender crianças ou adolescentes com problemas de aprendizagem, atuando na sua prevenção, diagnóstico e tratamento clínico ou institucional.3. Onde atuam?
O psicopedagogo poderá atuar em escolas e empresas (psicopedagogia institucional), na clínica (psicopedagogia clínica).
4. Como se dá o trabalho na clínica?
O psicopedagogo, através do diagnóstico clínico, irá identificar as causas dos problemas de aprendizagem. Para isto, ele usará instrumentos tais como, provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), histórias, material pedagógico etc.
Na clínica, o psicopedagogo fará uma entrevista inicial com os pais ou responsáveis para conversar sobre horários, quantidades de sessões, honorários, a importância da freqüência e da presença e o que ocorrer. Neste momento não é recomendável falar sobre o histórico do sujeito, já que isto poderá atrapalhar a investigação. O histórico do sujeito, desde seu nascimento, será relatado ao final das sessões numa entrevista chamada anamnese, com os pais ou responsáveis.


5. O diagnostico é composto de quantas sessões?
Geralmente faz-se o diagnóstico entre 8 a 10 sessões. O ideal é que haja duas sessões por semana.6. E depois do diagnóstico?
O diagnóstico poderá confirmar ou não as suspeitas do psicopedagogo. O profissional poderá identificar problemas de aprendizagem. Neste caso ele indicará um tratamento psicopedagógico, mas poderá também identificar outros problemas e aí ele poderá indicar um psicólogo, um fonoaudiólogo, um neurologista, ou outro profissional a depender do caso. Ele poderá perceber também, que o problema esteja na escola, então possivelmente ele recomendará uma troca de escola.
7. E o tratamento psicopedagógico?
O tratamento poderá ser feito com o próprio psicopedagogo que fez o diagnóstico, ou poderá ser feito com outro psicopedagogo. Neste caso, este último solicitará o informe psicopedagógico para análise.
Durante o tratamento são realizadas diversas atividades, com o objetivo de identificar a melhor forma de se aprender e o que poderá estar causando este bloqueio. Para isto, o psicopedagogo utilizará recursos como jogos, desenhos, brinquedos, brincadeiras, conto de histórias, computador e outras coisas que forem oportunas. A criança, muitas vezes, não consegue falar sobre seus problemas e é através de desenhos, jogos, brinquedos que ela poderá revelar a causa de sua dificuldade. É através dos jogos que a criança adquire maturidade, aprende a ter limites, aprende a ganhar e perder, desenvolve o raciocínio, aprende a se concentrar, adquire maior atenção.
O psicopedagogo solicitará, algumas vezes, as tarefas escolares, observando cadernos, olhando a organização e os possíveis erros, ajudando-o a compreender estes erros.Irá ajudar a criança ou adolescente, a encontrar a melhor forma de estudar para que ocorra a aprendizagem.
O profissional poderá ir até a escola para conversar com o(a) professor(a), afinal é ela que tem um contato diário com o aluno e pode dar muitas informações que possam ajudar no tratamento.O psicopedagogo precisa estudar muito. E muitas vezes será necessário recorrer a outro profissional para conversar, trocar idéias, pedir opiniões.
8. Como se dá o trabalho na Instituição?
O psicopedagogo na instituição escolar poderá:
- ajudar os professores, auxiliando-os na melhor forma de elaborar um plano de aula para que os alunos possam entender melhor as aulas;- ajudar na elaboração do projeto pedagógico;- orientar os professores na melhor forma de ajudar, em sala de aula, aquele aluno com dificuldades de aprendizagem;- realizar um diagnóstico institucional para averiguar possíveis problemas pedagógicos que possam estar prejudicando o processo ensino-aprendizagem;- encaminhar o aluno para um profissional (psicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo etc) a partir de avaliações psicopedagógicos;- conversar com os pais para fornecer orientações;- auxiliar a direção da escola para que os profissionais da instituição possam ter um bom relacionamento entre si;- Conversar com a criança ou adolescente quando este precisar de orientação.9. O que é fundamental na atuação psicopedagógica?A escuta é fundamental para que se possa conhecer como e o que o sujeito aprende, e como diz Nádia Bossa, “perceber o interjogo entre o desejo de conhecer e o de ignorar”.O psicopedagogo também deve estar preparado para lidar com possíveis reações frente a algumas tarefas, tais como: resistências, bloqueios, sentimentos, lapsos etc.E não parar de buscar, de conhecer, de estudar, para compreender de forma mais completa estas crianças ou adolescentes já tão criticados por não corresponderem às expectativas dos pais e professores.

Breve Histórico da Psicopedagogia

Os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa, em 1946, por J Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica. Estes Centros uniam conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, onde tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar e atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes (MERY apud BOSSA, 2000, p. 39).

Na literatura francesa – que, como vimos, influencia as idéias sobre psicopedagogia na Argentina (a qual, por sua vez, influencia a práxis brasileira) – encontra-se, entre outros, os trabalhos de Janine Mery, a psicopedagoga francesa que apresenta algumas considerações sobre o termo psicopedagogia e sobre a origem dessas idéias na Europa, e os trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na França,..., onde se percebeu as primeiras tentativas de articulação entre Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, na solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (BOSSA, 2000, p. 37)

Esperava-se através desta união Psicologia-Psicanálise-Pedagogia, conhecer a criança e o seu meio, para que fosse possível compreender o caso para determinar uma ação reeducadora.

Diferenciar os que não aprendiam, apesar de serem inteligentes, daqueles que apresentavam alguma deficiência mental, física ou sensorial era uma das preocupações da época.

Observamos que a psicopedagogia teve uma trajetória significativa tendo inicialmente um caráter médico-pedagógico dos quais faziam parte da equipe do Centro Psicopedagógico: médicos, psicólogos, psicanalistas e pedagogos.

Esta corrente européia influenciou significativamente a Argentina. Conforme a psicopedagoga Alicia Fernández (apud BOSSA, 2000, p. 41), a Psicopedagogia surgiu na Argentina há mais de 30 anos e foi em Buenos Aires, sua capital, a primeira cidade a oferecer o curso de Psicopedagogia.

Foi na década de 70 que surgiram, em Buenos Aires, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnóstico e tratamento. Estes psicopedagogos perceberem um ano após o tratamento que os pacientes resolveram seus problemas de aprendizagem, mas desenvolveram distúrbios de personalidade como deslocamento de sintoma. Resolveram então incluir o olhar e a escuta clínica psicanalítica, perfil atual do psicopedagogo argentino (Id. Ibid., 2000, p.41).

Na Argentina, a psicopedagogia tem um caráter diferenciado da psicopedagogia no Brasil. São aplicados testes de uso corrente, “alguns dos quais não sendo permitidos aos brasileiros...” (Id. Ibid., p. 42), por ser considerado de uso exclusivo dos psicólogos (cf. BOSSA, p. 58). “... os instrumentos empregados são mais variados, recorrendo o psicopedagogo argentino, em geral, a provas de inteligência, provas de nível de pensamento; avaliação do nível pedagógico; avaliação perceptomotora; testes projetivos; testes psicomotores; hora do jogo psicopedagógico” (Id. Ibid., 2000, p. 42).

A psicopedagogia chegou ao Brasil, na década de 70, cujas dificuldades de aprendizagem nesta época eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos (Id. Ibid., 2000, p. 48-49).

Inicialmente, os problemas de aprendizagem foram estudados e tratados por médicos na Europa no século XIX e no Brasil percebemos, ainda hoje, que na maioria das vezes a primeira atitude dos familiares é levar seus filhos a uma consulta médica.

Na prática do psicopedagogo, ainda hoje é comum receber no consultório crianças que já foram examinadas por um médico, por indicação da escola ou mesmo por iniciativa da família, devido aos problemas que está apresentando na escola (Id. Ibid., 2000, p. 50).

A Psicopedagogia foi introduzida aqui no Brasil baseada nos modelos médicos de atuação e foi dentro desta concepção de problemas de aprendizagem que se iniciaram, a partir de 1970, cursos de formação de especialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto Alegre, com a duração de dois anos (Id. Ibid., 2000, p. 52).

De acordo com Visca, a Psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (VISCA apud BOSSA, 2000, p. 21).

Com esta visão de uma formação independente, porém complementar, destas duas áreas, o Brasil recebeu contribuições, para o desenvolvimento da área psicopedagógica, de profissionais argentinos tais como: Sara Paín, Jacob Feldmann, Ana Maria Muniz, Jorge Visca, dentre outros.

Temos o professor argentino Jorge Visca[1][1] como um dos maiores contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil. Foi o criador da Epistemologia Convergente, linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: Escola de Genebra - Psicogenética de Piaget (já que ninguém pode aprender além do que sua estrutura cognitiva permite), Escola Psicanalítica - Freud ( já que dois sujeitos com igual nível cognitivo e distintos investimentos afetivos em relação a um objeto aprenderão de forma diferente) e a Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière ( pois se ocorresse uma paridade do cognitivo e afetivo em dois sujeitos de distinta cultura, também suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto seriam diferentes, devido as influências que sofreram por seus meios sócio-culturais) (VISCA, 1991, p. 66).

Visca propõe o trabalho com a aprendizagem utilizando-se de uma confluência dos achados teóricos da escola de Genebra, em que o principal objeto de estudo são os níveis de inteligência, com as teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais que representam seu interesse predominante. A esta confluência, junta, também, as proposições da psicologia social de Pichon Rivière, mormente porque a aprendizagem escolar, além do lidar com o cognitivo e com o emocional, lida também com relações interpessoais vivenciadas em grupos sociais específicos (França apud Sisto et. al. 2002, p. 101).

A análise do sujeito através de correntes distintas do pensamento psicológico concebeu uma proposta de diagnóstico, de processo corretor e de prevenção, dando origem ao método clínico psicopedagógico.

...quando se fala de psicopedagogia clínica, se está fazendo referência a um método com o qual se tenta conduzir à aprendizagem e não a uma corrente teórica ou escola. Em concordância com o método clínico podem-se utilizar diferentes enfoques teóricos. O que eu preconizo é o da epistemologia convergente (VISCA, 1987, p. 16).

Visca implantou CEPs no Rio de Janeiro, São Paulo, capital e Campinas, Salvador, e Curitiba. Deu aulas em Salvador, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Itajaí, Joinville, Maringá, Goiânia, Foz do Iguaçu e muitas outras. (Cf. BARBOSA, 2002, p. 14).

Muitos outros cursos de Psicopedagogia foram surgindo ao longo deste período até os dias atuais e este crescimento não pára de acontecer o que indica uma grande procura por esta profissão.

Existe, em nosso país há 13 anos a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) que dá um norte a esta profissão. Ela é responsável pela organização de eventos, pela publicação de temas relacionados à Psicopedagogia, cadastro dos profissionais.



Bibliografia:

BARBOSA, Laura Monte Serrat. A História da Psicopedagogia contou também com Visca, in Psicopedagogia e Aprendizagem. Coletânea de reflexões. Curitiba, 2002.
BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.
SISTO, F.F. Aprendizagem e mudanças cognitivas em crianças. Petrópolis, Vozes, 1997.
VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre,Artes Médicas, 1987.
___________. Psicopedagogia: novas contribuições; organização e tradução Andréa Morais, Maria Isabel Guimarães – Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1991.